Mulheres e o mercado de bebidas brasileiro
Mulheres e o mercado de bebidas brasileiro
janeiro/2016
Por Adriana Neves, Diretora da Confenar – Confederação Nacional das Revendas da Ambev e das Empresas de Logística da Distribuição.
A presença de mulheres em cargos de liderança é um tema que ganha cada dia mais visibilidade e relevância entre gestores de organizações. Porém, apesar do aumento na ocupação dessas posições, o público feminino está longe de manter expressividade dentro das companhias e Conselhos de Administração pelo Brasil.
Dados do IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa revelam que o número de mulheres em conselhos é de apenas 7,7%, enquanto alguns países europeus, como Itália e Bélgica, valem-se do uso de cotas para manter pelo menos 30% de mulheres nos boards. Já em cargos de liderança, a estimativa, segundo a consultoria Catho, é que 27,8% das mulheres no País mantêm seus postos à frente das organizações.
O papel social feminino ainda é alvo de grandes discussões e, obviamente, não é fácil conciliar a carreira com os múltiplos papéis que a mulher escolhe em sua vida, como o de mãe, por exemplo. De fato, temos um longo caminho a percorrer, mas já temos importantes transformações em andamento.
Digo isso com experiência de causa. Como a maioria das mulheres, atuo em uma área predominantemente masculina. Desde dos 14 anos, ingressei minha jornada dentro da revenda de distribuição de bebidas da minha família.
Para chegar ao comando da empresa, atuei em todas as áreas, absorvendo ensinamentos, aprendendo as dinâmicas, conhecendo os protocolos e o dia a dia em um dos setores mais competitivos e desafiadores do Brasil. Para chegar a posição de comando, superei desafios profissionais e, confesso, que nunca tive problemas pelo fato de ser mulher e mãe.
Enxergo a presença da mulher nas empresas como uma necessidade boa e um processo em transformação. Mais do que a mudança cultural, as empresas precisam estar abertas para a diversidade de sexo para continuarem suas trajetórias de sucesso. Sem dúvida, ocupar cargos de comando depende de mérito e de muito trabalho. Mas, trabalhando nas bases e permitindo o ingresso de mulheres, a chance de termos mais mulheres no topo das empresas será maior.
É com orgulho que digo que na Confenar, que é a maior rede de distribuição de bebidas do Brasil, as mulheres ganharam seu espaço e estão presentes em praticamente todos os postos dessa cadeia, de membros do Conselho até a posição de motoristas.
As mulheres têm se destacado por sua eficiência e visão estratégica. Um exemplo disso é a recente pesquisa realizada pela revista americana Fortune que aponta resultados bem-sucedidos do público feminino em cargos de comando e gestão como COO (Chief Operating Officer). Nessa posição, as executivas assumem um papel de liderança absoluta das operações da empresa, o que incluí ser o braço direito do CEO (presidente) e comandar a área financeira e de Recursos Humanos. A habilidade nesse cargo surge de uma característica predominantemente feminina, a de ser uma profissional multitarefas, capaz de gerenciar várias frentes ao mesmo tempo. O interessante é que as empresas já começaram a compreendem que essa característica pode ajuda-las no crescimento do mercado.
Mais do que compreender isso, as organizações deveriam dedicar mais esforços para apoiar no crescimento da mulher. Sabemos que todos somos capazes, independente do sexo!